EDIÇÃO 1: RESIDÊNCIA ARTÍSTICA DEMONSTRA

Na sua primeira edição, a Demonstra propõe uma residência artística online com o tema Poéticas Informes, que procura artistas de países lusófonos que lidem com a experiência do corpo não-normativo na contemporaneidade. O projeto foca-se no desenvolvimento da pesquisa de cada artista, oferecendo recursos para que todos consigam desenvolver as suas ideias. A programação da residência visa estimular conversas, promovendo trocas entre os artistas, curadores, mentores e o público em geral. Serão selecionados até seis artistas, cujas linhas de trabalho se situam no domínio da pintura, desenho, performance, vídeo, fotografia, escultura, novos media e/ou cruzamentos interdisciplinares.

ARTISTAS SELECCIONADOS

GUTO OCA

Guto Oca

Investiga as influências do daltonismo fisiológico nas temáticas utilizadas em sua poética. Para isso, utiliza a metáfora da cor para discutir e refletir acerca da cor não vista socialmente, ou invisibilizada historicamente, que é a cor da pele negra. Utiliza o conceito de “Daltonismo Racial”, que problematiza o branqueamento da pele negra, e as relações que estabelece entre tal conceito e seu processo criativo. Atualmente, estabelece desdobramentos da relação (in)corpórea com a terra e o meu processo artístico, através da relação do meu corpo racializado dentro do contexto de produção artística de corpos/corpas não normativos/normativas em solo nordestino brasileiro.
JEFF BARBATO
Jeff Barbato

Desenvolve uma investigação sobre a história e a estética das fissuras e da representação monstruosa da fissura labiopalatina no campo das artes visuais. Sua pesquisa em artes transita por multilinguagens, tendo o desenho e a fotografia como base para a criação de objetos, esculturas e pinturas expandidas. Jeff propõe diálogos entre os lugares em que encontra fissuras, buracos, brechas, fendas e os fragmentos, acontecimentos e desdobramentos dessa insurgência, passando por searas como corpo, sexualidade e territórios urbanos. Com olhar sensível para o imperfeito, o incompleto, o impermanente e para tudo aquilo que é esquecido e deixado à mercê de si mesmo.

JOÃO PAULO RACY

João Paulo Racy

É artista-pesquisador, doutorando em Arte, Sujeito e Cidade e mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Em seus trabalhos, busca articular questões pertinentes à temática da habitação, no contexto das cidades contemporâneas, desenvolvendo práticas artísticas em diálogo com a arqueologia e investigando a memória, a ancestralidade e a história na relação entre cidade, corpo e paisagem.
JUCA FIIS

Juca Fils

Estudou arquitetura na UFRJ e Desenho pela Camberwell College em Londres. Atualmente vive em Lisboa, onde trabalha com arte e mediação. Juca é uma pessoa não binária e trabalha esse pensamento não só relacionado a gênero, mas em desconstrução e desidentificação do pensamento binário como pensamento estrutural.
LUA CAVALCANTE

Lua Cavalcante

É artista, educadora e aleijada. É tecnóloga em fotografia e pedagoga. Tem se aventurado pelos caminhos da pedagogia Griô. A artista se coloca como corpo-artístico-político-pedagógico propondo reflexões sobre quais lugares reais, imaginários e encantados esse corpo habita e opera. Sua linguagem artística é a produção de experimentações poéticas em autorretrato, performance e instalação, desenvolvendo investigações sobre as particularidades e deslocamentos de seu corpo, lido sob aspecto da deficiência.
NARA ROSETTO

Nara Rosetto

Vive e trabalha no Porto, em Portugal. Formada em arquitetura e urbanismo, atualmente é mestranda em Artes Intermídias na Universidade do Porto. A partir da vivência de doenças crônicas sem cura, se utiliza dos temas da vulnerabilidade, invisibilidade, dor e corpo feminino como assuntos recorrentes em sua produção. Trabalha em diferentes suportes como peças têxteis, vídeo e foto performance.

CALENDÁRIO

A residência artística Demonstra terá lugar entre 27 de janeiro e 09 de abril de 2022.

EQUIPA

CURADOR

DANIEL MORAES Curador (Brasil, São Paulo, 1981)

Daniel Moraes

Mestrando em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e formado em Design pela Faculdade de Campinas – FACAMP (2008). Desde o início da sua trajetória, o artista investiga os conflitos do seu corpo com as práticas artísticas, sendo o desenho, a pintura e o video-happening os principais meios utilizados. O seu trabalho aborda questões pessoais relacionadas com o corpo com deficiência: deformação/disfunção, eficiência/deficiência, superação/supressão e preconceito/aceitação.

Mais recentemente, desenvolveu o projeto de oficinas O Desenho e o Corpo Não Normativo, que teve a sua primeira edição no Centro de Artes Contemporâneas ARQUIPÉLAGO (Ilha de São Miguel, 2020); expôs o video-happening De Mãos Dadas com Minha Irmã na exposição Lines of Thoughts (CICA MUSEUM – Czong Institute for Contemporary Art, Coreia do Sul, 2020); e idealizou o Projeto DEMONSTRA, programa de residência artística para pessoas com deficiência, que conta com o apoio da Direção Geral das Artes – DGArtes.

CURADORA CONVIDADA

ISABEL PORTELLA Curadora convidada (Brasil, Rio de Janeiro, 1970)

Doutora e mestre em História e Crítica da Arte pela Escola de Belas Artes Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA/UFRJ; Especialista em História e Crítica da Arte do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica – PUC-Rio. Enquanto museóloga, colabora, desde 1992, com diversas instituições, desenvolvendo projetos e ações nas áreas da preservação e conservação, curadoria e acessibilidade. Trabalha no Museu da República – IBRAM, desde 2006, como investigadora de acervo museológico e curadora de exposições históricas, tais como: Você Conhece, Você Já Viu? Tá Quente, Tá Frio (Museu da República, 2011) ou Mulheres Palacianas: Do Catete ao Alvorada (Museu da República, 2012). É, ainda, coordenadora e curadora da Galeria do Lago – Espaço de Arte Contemporânea do Museu da República.

Enquanto crítica e curadora, contribui, desde 2005, com textos e entrevistas para publicações de arte, tais como catálogos, periódicos e livros. Fez curadoria e elaborou textos para diversas exposições, entre elas: Aquilo que nos Une (Centro Cultural da Caixa no Rio de Janeiro e São Paulo, 2016 e 2017); Arte pra Sentir (Centro Cultural da Caixa São Paulo e Brasília, 2018), entre várias outras. É, ainda, coordenadora do Grupo de Trabalho de Acessibilidade do Programa Nacional de Educação Museal do Brasil, e membro do International Council of Museums – ICOM.

ARTISTAS CONVIDADOS

DIANA NIEPCE Artista convidada (Lisboa, Ovar, 1985)

Diana Niepce

Diana Niepce é bailarina, coreógrafa e escritora. Formou-se na Escola Superior de Dança, fez Erasmus na Teatterikorkeakoulun (em Helsínquia), fez Mestrado em Arte e Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, completou a formação CPGAE do Forum Dança e é também professora habilitada de hatha-yoga.

É criadora da peça de circo contemporâneo “Forgotten Fog” (2015) e das peças de dança “Raw a nude” (2019), “12 979 Dias” (2019), “Dueto” (2020), “T4” (2020) e “Anda, Diana” (2021). Enquanto bailarina e performer colaborou com o Bal-Moderne – Companhia Rosas, Felix Ruckert, Willi Dorner, António Tagliarini, Daria Deflorian, La fura del baus, May Joseph, Sofia Varino, Miira Sippola, Jérôme Bel, Ana Borralho e João Galante, Ana Rita Barata e Pedro Sena Nunes, Mariana Tengner Barros, Rui Catalão, Rafael Alvarez, Adam Benjamin, Diana de Sousa e Justyna Wielgus. Fez direção artística e formadora da Formação de introdução às artes performativas para artistas com deficiência na Biblioteca de Marvila – CML (2020).

Publicou um artigo no livro “Anne Teresa de Keersmaeker em Lisboa” (ed. Egeac/INCM), o conto infantil “Bayadére” (ed. CNB), o poema “2014” na revista Flanzine, o artigo “Experimentar o corpo” no jornal de artes performativas Coreia e o livro “Anda, Diana” (ed. Sistema Solar). Júri do prémio Acesso Cultura 2018 e Júri oficial do Festival – Inshadow 2018 e Júri do programa NCED – Eu solidarity 2021.

 

NAZARETH PACHECO Artista convidada (Brasil, São Paulo, 1961)

Nazareth Pacheco

Vive e trabalha em São Paulo. Nazareth Pacheco cursou Artes Plásticas na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1983. Desde 1980, desenvolve obras tridimensionais relacionadas com processos vivenciados pelo corpo. Feminino, histórico, literal ou simbólico. Os artefatos que cercam o corpo são transmutados em objetos e instalações que a beleza e o brilho muitas vezes travestem como dor e o sofrimento. Frequentou o curso de monitoria da 18ª Bienal de São Paulo, sob a orientação do historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli, em 1985. Em Paris, frequentou o ateliê de escultura da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em 1987. Entre 1990 e 1991, participou de workshops com Iole de Freitas, Carmela Gross, José Resende, Amílcar de Castro, Nuno Ramos e Waltercio Caldas. Em 1998, Nazareth participou da 24ª Bienal Internacional de São Paulo. Já em 2002, tornou-se mestra na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) com a dissertação Objetos Sedutores e orientação de Carlos Fajardo. Em 2003, sua obra Gilete Azul virou documentário, lançado e realizado pela psicanalista Miriam Schnaiderman. Nos últimos anos, participou de diversas coletivas no Brasil e no exterior, além de ter frequentado o “Salon” de Louise Bourgeois em Nova York, entre 1999 e 2006. Nazareth vem expondo há três décadas em galerias e museus no Brasil e no exterior, tanto em mostras individuais quanto coletivas.
PRODUTORA

YULI ANASTASSAKIS Produtora e membro do júri de seleção (Brasil, Nova Iguaçu, 1977)

Artista visual e produtora. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005) e mestre em Processos Artísticos Contemporâneos pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2019). Desde 1999, trabalha como produtora de arte e de eventos, entre eles: Planos-Pipa, de Marcelo Jácome, no Projeto Perspectiva da Arte Contemporânea (Curitiba, 2019); Documentário do Festival WOW – Mulheres do Mundo (Rio de Janeiro, 2018); evento mensal FEIRA NA FÁBRICA, no Espaço FEIRA (Rio de Janeiro, 2016-2018); eventos diversos no F.Studio Arquitetura e Design (Rio de Janeiro, 2017-2018); evento mensal Fábrica Aberta, na Fábrica Bhering (Rio de Janeiro, 2012-2015); Projeto Em Torno da Fábrica, na Fábrica Bhering (Rio de Janeiro, 2014); Exposição Diálogo, de Elisa Pessoa (Rio de Janeiro, 2013); Exposição Pipas no Museu do Futebol, de Marcelo Jácome (São Paulo, 2013). Foi diretora de eventos da Associação Cultural da Fábrica Bhering, no Rio de Janeiro (2012-2013). Trabalhou, ainda, como assistente dos artistas plásticos Carlito Carvalhosa (2018-2019) e Barrão (2015-2016).